Cerca de 30% dos casos de câncer são evitáveis por hábitos saudáveis e 90% têm cura, desde que diagnosticados precocemente

Cerca de 20 milhões de pessoas no mundo têm câncer de pele, posicionando-a como a segunda causa de morte, atrás apenas das doenças cardiovasculares. (Shutterstock/Reprodução)

Na mais recente edição do evento “Encontro com a prevenção”, realizado mensalmente na Med Rio Check-up, tivemos a honra de receber a colega Alessandra Siqueira, doutora em Clínica Médica na área de gestão e Mestre em Cardiologia pela UFRJ; coordenadora de Ensino do Instituto Nacional de Câncer do Ministério da Saúde e Professora de Gestão em Saúde na Fundação Getúlio Vargas (FGV). A especialista falou sobre “Câncer: a importância do diagnóstico precoce e do estilo de vida”.

Segundo Siqueira, o câncer deve ser entendido como um problema de saúde pública. Cerca de 20 milhões de pessoas no mundo têm a doença, posicionando-a como a segunda causa de morte (em primeiro lugar estão as doenças cardiovasculares). A previsão do Instituto Nacional do Câncer (INCA) é de mais de 700 mil novos casos no Brasil, nos próximos três anos.

A boa notícia é que de 30% a 50% dos casos de câncer podem ser evitados. “Quando o câncer é descoberto cedo, a chance de cura é muito elevada. O mesmo não acontece quando se demora a procurar o médico. O tempo faz toda a diferença no tratamento da doença”, afirmou.

Para Siqueira, o foco de atenção deve estar na saúde e não na doença. “Quando se faz o diagnóstico precoce de uma doença, o custo do tratamento será muito menor e o potencial de cura cresce muito”, disse. A especialista ressaltou a importância de as pessoas não terem medo de fazer os exames preventivos e até mesmo de ter câncer. “O medo não deve ser da doença, mas sim de não ser diagnosticado e tratado a tempo”, sentenciou ela.

A médica apresentou as principais causas de mortes atribuíveis a fatores de risco. São elas: pressão alta, tabagismo, diabetes, sedentarismo, sobrepeso e obesidade, colesterol alto. “Todas estão matando muitas pessoas, é aí que temos que atuar. Elas estão diretamente ligadas a um estilo de vida pouco saudável, por isso é tão importante observar este comportamento”, destacou.

Se por um lado a prevalência de tabagismo caiu no Brasil (de 34,8% em 1998 para 12,6% em 2020), o aparecimento do vape é uma preocupação. “Os jovens aderiram a ele e é uma preocupação”, afirmou. Quanto à obesidade, o alerta também é real: mais da metade da população está cima do peso (uma em cada três crianças, por exemplo) e 52% das pessoas são sedentárias (apenas 23% praticam algum exercício diariamente). “Ter saúde e bem-estar dá trabalho, mas vale a pena”, resumiu.

Por tudo isso, é fundamental ressaltar a importância de um estilo de vida saudável, em todas as idades: além de praticar atividades físicas regularmente, é preciso controlar o peso, o diabetes, os níveis de colesterol e triglicerídeos, ter uma alimentação balanceada, não fumar, evitar o excesso de sal e de bebidas alcoólicas, gerenciar o estresse, controlar a pressão arterial, ter noites reparadoras de sono e manter os exames preventivos em dia.

Saúde é prevenção!

Gilberto Ururahy é médico há mais de 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, criou a Med Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França e autor de quatro livros: Como se tornar um bom estressado (editora Salamandra), O cérebro emocional (editora Rocco), Emoções e saúde (editora Rocco) e Saúde é Prevenção (editora Rocco), com o médico Galileu Assis, diretor da Med Rio Check-Up.