“O mais profundo no homem é a pele”, afirma o poeta e escritor francês Paul Valéry. De fato, o maior dos órgãos humanos é um grande espelho da saúde física e mental do indivíduo, um verdadeiro envelope das emoções. É o órgão que pode somatizar sensações negativas, mas é também o que se arrepia diante de informações que nos sensibilizam, como uma música ou um carinho.

As estimativas são de que cerca de 30 a 60% dos atendimentos dermatológicos são devido a doenças de pele ligadas direta ou indiretamente ao emocional  – as psicodermatoses. Uma das principais explicações evoca ao fato de que na evolução do embrião humano, a pele e o cérebro são desenvolvidos a partir de uma mesma estrutura, o ectoderma. Essa interação foi descrita como sistema neuro-endócrino-imuno-cutâneo (NICS).

O estresse, seja agudo ou crônico, torna-se um importante fator na regulação desse sistema, pois afeta o eixo neurológico central, gerando uma cascata de liberação de hormônios do estresse, neuromediadores e neuropeptídeos, os quais têm ampla rede de receptores no sistema imunológico e na pele.

Mas além disso, a pele humana tem diversas utilidades práticas para a nossa sobrevivência. Ela é quem oferece proteção ao corpo nas trocas de temperatura do ambiente e contra as agressões do cotidiano. O sol, por exemplo, pode ser um aliado, mas também um grande vilão para a saúde e o funcionamento do corpo. Ele é importante para que o nosso organismo obtenha vitamina D, fundamental na melhora da absorção do cálcio, que fortalece os ossos.

Como espelho do físico e da alma, a pele evidencia várias patologias. Aquelas de cunho emocional temos, por exemplo: vitiligo, psoríase, alopecia areata, acne, dermatite seborreica e atópicas, entre outras. Outras doenças da pele são geradas por alteração emocional ou psiquiátrica: onicofagia (roer as unhas), escoriação neurótica (hábito de manipular lesões pré-existentes…) e o prurido psicogênico (ato de coçar sem haver doença de pele). Também há aquelas que são manifestações de doenças psiquiátricas específicas, como a tricotilomania (ato incontrolável de puxar para arrancar cabelos/pelos). No âmbito das doenças infecto-contagiosas, as manifestações na pele são características do sarampo, rubéola, catapora e herpes, por exemplo. Podemos também citar as lesões de pele nas doenças auto-imunes ou decorrer sobre a pele ictérica ou cianótica, acrescentando as dermatomicoses e outras alterações como estiras e quelóides.

Entretanto, o grande vilão para a pele saudável é o sol. A exposição equivocada a ele traz danos graves, como manchas, queimaduras e envelhecimento precoce, além de aumentar o risco de câncer de pele – basocelular – o tipo mais comum de câncer no Brasil. Segundo o INCA, são cerca de 180 mil novos casos por ano, além do melanoma que incide em percentuais pequenos na população e é extremamente grave. Para evitar os efeitos nocivos do sol e proteger a pele, é essencial usar protetor solar diariamente, mesmo em dias nublados e passando o dia em ambientes fechados. Quando estiver em locais de alta exposição solar, como praia ou piscina, não abra mão de guarda-sol, chapéu e roupas que ajudam a proteger a pele dos raios solares mais intensos. As mesmas dicas valem para a prática de exercícios ao ar livre.

A radiação ultravioleta (UVA) tem efeito cumulativo, o que significa que a cada dia de exposição solar a pele fica mais danificada. Como os raios UVA penetram nas camadas mais profundas da pele, os riscos das pessoas desenvolverem câncer é maior quando não estão protegidas pelo filtro solar.

Um alerta importante: a pele não absorve o protetor solar imediatamente. Por isso é recomendado aplicar o produto de 20 a 30 minutos antes de se expor ao sol. Além disso, entre 10h e 16h é quando o soltem a radiação mais forte.

Não se esqueça da hidratação! A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que se beba, pelo menos, dois litros de água por dia para manter a pele saudável.

Somos um organismo complexo onde corpo e mente são UM e devem ser cuidados como tal.

Em nossos check-ups médicos, todo cliente é examinado por um dermatologista e na abordagem incluímos avaliação emocional e física de cada indivíduo, sempre com o apoio de dermatoscópio de alta precisão.

 

Saúde é prevenção!

 

Gilberto Ururahy é médico há mais de 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, criou a Med Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França e autor de quatro livros: Como se tornar um bom estressado (editora Salamandra), O cérebro emocional (editora Rocco), Emoções e saúde (editora Rocco) e Saúde é Prevenção (editora Rocco), com o médico Galileu Assis, diretor da Med Rio Check-Up.

 

Raquel Gaudio é dermatologista da MedRio Check-up.