Para evitar recursos tão extremos e a Síndrome Pós-Covid, a melhor estratégia para a saúde é a prevenção

Paulo Gustavo: médicos do ator precisaram recorrer a tratamento extremo na luta contra a Covid-19. Divulgação/TV Globo

 

Há algumas semanas o Brasil torce e reza pela recuperação do ator Paulo Gustavo. Um dos maiores nomes da comédia nacional e influenciador digital com mais de 15 milhões de seguidores, Paulo teve seu quadro de Covid-19 agravado e os médicos decidiram recorrer ao ECMO (Membrana de Oxigenação Extracorpórea). Conhecido também como pulmão artificial, o aparelho oxigena o sangue em pacientes com órgão comprometido gravemente. Isso permite que o órgão “se recupere” enquanto o corpo se ocupa em combater a Covid.

Na prática, um cateter inserido na veia femoral recolhe o sangue venoso, que é armazenado em um reservatório que faz as vezes de bomba, dando suporte ao seu fluxo contínuo. O aparelho age sob a mesma lógica do pulmão, retirando o excesso de gás carbônico do sangue e acrescentando oxigênio. Assim, o sangue arterial retorna pela artéria aorta para ser distribuído para o corpo. A lógica é a mesma de uma hemodiálise, mas ao invés dos rins, o órgão atendido é o pulmão. O recurso é utilizado quando outras formas de recuperação dos pulmões já foram tentadas, como a ventilação mecânica.

O uso do ECMO é uma atitude drástica a ser usada em casos extremos. Mesmo quando bem-sucedidos, os tratamentos contra a Covid – e, neste caso, não apenas o ECMO – podem deixar graves sequelas. A estimativa da OMS é que uma em cada 10 pessoas que contraem a doença desenvolvem a chamada Síndrome Pós-Covid, caracterizada pela persistência dos sintomas após 12 semanas, com quadros como arritmia, falta de ar, perda de memória, fadiga e dores intensas e infarto, por exemplo. Se considerarmos que o Brasil já passa dos 14 milhões de casos, isso equivale dizer que cerca de 1,5 milhão de pessoas enfrentarão a Síndrome Pós-Covid.

Há duas vertentes na Medicina, como dois lados da mesma moeda: o tratamento e a prevenção. E para evitar o tratamento, a melhor estratégia é a prevenção. A pandemia evidenciou, mais uma vez, a relevância das medidas preventivas quando o assunto é saúde. Além do respeito às orientações sanitárias, a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem sido enfática em afirmar que um estilo de vida saudável é fundamental não apenas para o corpo, mas também para a saúde mental e para o aumento da imunidade, crucial em um momento em que um vírus está em circulação.

Alimentação saudável, noite de sono regenerador, prática rotineira de exercícios e exames preventivos em dia são capazes de evitar doenças físicas e mentais, além de darem mais disposição e saúde. Mais que nunca urge que as pessoas se atentem ao estilo de vida, procurem seus médicos e fortaleça a saúde. Saúde é prevenção! E no mais, assim como todo o Brasil, ficamos na torcida pela plena recuperação do ator Paulo Gustavo.

Gilberto Ururahy é médico há 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, criou a MedRio Check-up, líder brasileira em check up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França e autor de três livros: “Como se tornar um bom estressado” (Editora Salamandra), “O cérebro emocional” (Editora Rocco) e “Emoções e saúde” (Editora Rocco).

*No dia 4 de maio de 2021, a Med-Rio presta homenagem a esse gênio do humor que nos trouxe tanta alegria e deseja à família força e união.