Especialista alerta que mulheres estão tão expostas quanto os homens a riscos cardíacos

Cerca de 18 milhões de pessoas no mundo sofrem de patologias cardíacas. Evanto Elements/Reprodução

A MedRio Check Up está comemorando 30 anos de funcionamento. Para marcar efeméride tão importante, criamos uma agenda de “Encontros Científicos com a Prevenção”, que acontecem uma vez por mês, abordando diferentes especialidades médicas. Este mês, convidei os renomados colegas Eduardo Saad e Arnaldo Rabischoffsky para falarem sobre a saúde do coração, dentre outros assuntos. Hoje compartilho a conversa com Arnaldo Rabischoffsky. Boa leitura! – Gilberto Ururahy

Os exames cardíacos são muitos e cada vez mais eficientes. Quem afirma é um dos profissionais mais experientes da área: o cardiologista Arnaldo Rabischoffsky. Ex-presidente da Sociedade Brasileira de Imagem Cardiovascular, Coordenador do Serviço de Ecocardiografia dos hospitais Pró-Cardíaco e Santa Lucia, honorary fellow da American Society of Echocardiography e vice-presidente da International Society of Contrast Ultrasound (ICUS), Rabischoffsky destaca que o check up é um grande aliado na prevenção às doenças cardíacas.

Conversamos com Arnaldo Rabischoffsky sobre esse e outros assuntos:

Qual a importância da ecocardiografia na manutenção da saúde do coração?

Cerca de 18 milhões de pessoas morrem no mundo por doenças cardiovasculares. A ecocardiografia é uma ferramenta que se desenvolveu muito desde 1970. Hoje temos acesso a imagens espetaculares dos vasos e artérias do coração. O exame tem muitas vantagens: é um método simples, inócuo, não tem radiação, campo magnético e é relativamente barato.

Que doenças a ecocardiografia é capaz de identificar?

Para doenças das válvulas ou formas de cardiopatia que levam a morte súbita é uma ferramenta super útil. Através do exame da carótida, é possível saber se o indivíduo tem propensão à doença artoesclerótica, que leva ao infarto, além da obstrução das artérias e coronárias. O exame é a oportunidade de diagnosticar precocemente várias patologias cardíacas e interferir precocemente no tratamento.

Outra ferramenta disponível no ecocardiograma é o strain, capaz de diagnosticar precocemente eventuais danos ao coração causado pelas drogas quimioterápicas. É muito frustrante salvar um paciente do câncer e condená-lo a uma doença futura do coração. Outra situação em que os exame são muito uteis é no diagnóstico de patologias cardíacas no feto ainda no útero, para que quando o bebê nasça já haja toda uma estrutura preparada para crianças cardiopatas.

Um exame que gosto muito é o ecocardiograma de esforço. Ele permite fazer imagens do paciente em repouso e após o esforço em uma esteira convencional. É um exame espetacular porque no esforço o coração diminui de tamanho e as paredes do coração devem se contrair mais vigorosamente. Se isso não acontece, pode ser um alerta para alguma doença importante. Ele dá uma noção prognóstica muito boa. E caso o exame não acuse nenhuma condição anormal, é a garantia que o indivíduo tem uma chance muito pequena de sofrer um infarto nos próximos cinco anos.

Com que frequência e a partir de que idade a ecocardiografia deve ser realizada?

Se a pessoa não for hipertensa ou tiver qualquer patologia, costuma-se indicar o exame a partir dos 40 anos, anualmente, para ambos os sexos. As mulheres, em geral, tinham menor incidência de doenças cardiovasculares. No entanto, no mundo contemporâneo, elas estão expostas aos mesmos fatores de risco que os homens, como o estresse e a alta carga de trabalho. Hoje, as mulheres estão no grupo de risco tanto quanto os homens.

O brasileiro cuida mal do coração?

Ainda temos no Brasil grande incidência de doença reumática, embora esteja diminuindo. Entre as classes menos favorecidas, persiste a Doença de Chagas. Como o país é muito grande e diverso, diferentes doenças cardíacas atingem as camadas da população.

Para finalizar, quem é o maior inimigo do coração?

São muitos: o estresse, o cigarro, a diabetes, a hipertensão arterial, os hábitos de vida, a obesidade… estes são os maiores inimigos do coração.