A vida da mulher apresenta momentos-chaves para consultas médicas preventivas acerca da saúde cardiovascular e metabólica

 

Quanto mais a Medicina pesquisa e avança em descobertas, é possível correlacionar doenças e caminhos para a prevenção. É o caso, por exemplo, da saúde feminina. Pesquisadores descobriram uma clara sinergia entre dois aspectos da saúde da mulher que é pouco abordada. Meninas que menstruam antes dos 11 anos ou depois dos 15 anos estão diretamente associadas, na menopausa, à uma síndrome metabólica que propicia doenças cardiovasculares ou diabetes. Outro exemplo: ter uma menopausa precoce, uma insuficiência ovariana antes dos 40 anos ou simplesmente entrar na menopausa multiplica por três o risco de infarto do miocárdio. E mais: sofrer de eclampsia ou de diabetes gestacional durante a gravidez multiplica por até três vezes o risco de acidente cardiovascular na menopausa.

Recentemente, a França fez uma pesquisa cruzando fatores de risco cardiovasculares, ginecológicos, obstetrícios e psicossociais das pacientes e descobriu que 90% das mulheres acumulam pelo menos dois fatores de riscos cardiovasculares e metabólicos. E mais: sete em cada 10 pacientes não tem qualquer acompanhamento cardiovascular. Elas, possivelmente, podem apresentar quadro de hipertensão mal controlada ou sequer diagnosticada. Quando demos inicio aos nossos trabalhos na Med Rio Check-up, em 1990, a cada nove infartos do miocárdio, um era em mulher. Agora, mais de 30 anos depois, para três infartos, um é em mulher, e em idades mais precoces.

Os principais fatores de risco para a saúde feminina são o estresse, o tabagismo, o sobrepeso e a hipertensão arterial. Mas muitas vezes as mulheres negligenciam ou ignoram os sintomas que comprometem a saúde. Um infarto raramente se apresenta sem enviar avisos prévios. É preciso estar alerta para cansaço extremo, falta de ar em decorrência de esforço, dores nas pernas, sensação de coração acelerado e pressão no peito. Além disso, muitas mulheres utilizam anticoncepcionais no cotidiano, que potencializam as doenças coronarianas e vasculares.

A população mundial viveu nos últimos dois anos estresse súbito, intenso e prolongado. É hora de retomar os cuidados com a saúde e voltar a consultar os médicos de rotina. Em grande parte dos casos, as doenças que atingem as mulheres contam com soluções eficientes para combatê-las. Para isso, exames médicos podem ser valorosos aliados. A mamografia e o Papanicolau são exames imperativos para as mulheres a partir dos 35 anos.

A vida da mulher apresenta momentos-chaves para consultas médicas preventivas acerca da saúde cardiovascular e metabólica: quando começa a tomar contraceptivos é preciso dosar os lipídeos, aferir a pressão arterial e a circunferência abdominal. Antes de engravidar, a mulher deve investigar tendências à tromboses e má-formação cardíacas congênitas, especialmente se a futura gestante for diabética ou obesa. Em torno dos 45 anos, beirando a pré-menopausa, a saúde requer um monitoramento da saúde vascular. Em casos de risco, o médico orientará a paciente a um especialista na busca por exames mais detalhados. Agindo desta forma, é possível salvar até oito em cada 10 pacientes.

longo prazo, hábitos saudáveis representam a mais fácil e segura prevenção para se garantir saúde: alimentar-se equilibradamente, praticar atividade física regular, evitar o tabagismo, consumir bebidas alcóolicas com moderação, ter noites de sono reparadoras e manter os exames preventivos em dia.

Saúde é prevenção!

 

 

Gilberto Ururahy é médico há mais de 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, criou a Med Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França e autor de três livros: “Como se tornar um bom estressado” (Editora Salamandra), “O cérebro emocional” (Editora Rocco) e “Emoções e saúde” (Editora Rocco).