Mudar o estilo de vida demanda determinação, força de vontade e perseverança
Basta ligar a televisão ou acessar o celular. O homem contemporâneo é bombardeado por excessiva informação ao longo do dia. Impactos da pandemia, guerra Rússia x Ucrânia, aumento de bolsões de miséria, crescimento da inflação mundial, racionamento de energia, elevados índices de analfabetismo, desemprego crescente, aumento de impostos e da violência são apenas algumas das muitas notícias que nos chegam cotidianamente.
Em casa, com a família, o clima também não é dos mais amenos: falta de tempo dos pais para dedicar aos filhos, pouco diálogo, famílias apartadas ou desfeitas e o excesso do uso de celulares, computadores e tablets que consomem as horas e prejudicam as relações.
Ao voltar a atenção para o trabalho, a situação se torna mais nebulosa. O profissional se vê diante do desafio de inovações e conquistas permanentes, ameaças cibernéticas, absorção de novas culturas, aumento de resultados com redução de investimentos, fusões e aquisições, câmbio elevado, precariedade da mão de obra e baixa motivação dos jovens profissionais.
Diante desses cenários, é inexorável: todos estão sob estresse crônico. E é justamente o estresse crônico que serve de vetor para o estilo de vida inadequado, a partir de seus hormônios adrenalina e cortisol. Segundo a Universidade de Stanford, 73% das mortes no mundo atual se relacionam com o estilo de vida pouco saudável.
De acordo com a Universidade de Harvard, 80% de todas as consultas médicas têm ligações com o estresse. Portanto, para se manter ativo, a maioria dos executivos faz uso do chamado “ciclo de estimulantes”, ou seja: o indivíduo dorme mal, acorda cansado, tem preguiça de fazer exercícios, aumenta o consumo de cigarros, café e açúcar. À noite, ainda consome bebida alcoólica, acreditando equivocadamente que ela é relaxante. Esse ciclo conduz irremediavelmente ao estilo de vida inadequado.
A médio e longo prazos, o estilo de vida inadequado conduz às doenças crônicas, como obesidade, esteatose hepática, hipertensão arterial, insônia e diabetes, entre outras, responsáveis, no longo prazo por outros cenários como infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e diversos tipos de cânceres, observados em indivíduos cada vez mais jovens. O check-up médico, portanto, é um poderoso aliado porque antecipa, previne e promove saúde.
O trabalho das equipes da MedRio Check-up é realizado em clínicas próprias há mais de 30 anos. Neste período, mais de 110 mil homens foram examinados. Se compararmos os níveis de estresse, má alimentação e sedentarismo desde nossa fundação, em 1990, até 2021, fica evidente como o quadro se agravou. Com isso, os percentuais de sobrepeso, hipertensão arterial, diabetes, insônia, consumo de bebidas alcoólicas, de antidepressivos e ansiolíticos, dispararam.
Quando o paciente entra em contato com as clínicas da MedRio para agendar o seu check-up, recebe questionários preliminares que possibilitam uma avaliação inicial de seu histórico familiar, estilo de, risco coronariano, níveis de estresse emocional, ansiedade, depressão e alcoolismo. Quando o cliente chega à clínica, já temos uma noção concreta do seu histórico de saúde. A abordagem por parte de nossa equipe médica é sempre física e emocional.
No check-up identificam-se fatores de risco para em seguida, no pós-check-up, via telemedicina, desenvolverem-se programas individualizados para corrigir eventuais alterações, levando em conta o estilo de vida de cada cliente. A boa notícia é que aqueles que aderem ao programa proposto têm excelentes respostas em seus parâmetros indicadores de saúde.
Além disso, o check-up médico também é um excelente aliado no diagnóstico precoce de doenças e na orientação para tratamentos eficazes. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 90% dos tumores têm cura, desde que diagnosticados precocemente. Se antes o câncer de próstata era mais comum em homens com mais de 60 anos, agora eles são diagnosticados em homens de 45 anos. O mesmo ocorre quanto o infarto do miocárdio. Se há 30 anos ele era observado em homens acima de 50 anos, hoje, ele é corrente em rapazes na faixa dos 35 anos. Isso é a resposta do organismo ao estilo de vida inadequado, consequente do alto estresse que o homem enfrenta.
Não é fácil mudar estilo de vida. Demanda determinação, força de vontade e perseverança do indivíduo. Segundo a Universidade de Harvard, 85% das pessoas têm dificuldade em enfrentar esse processo. No entanto, é preciso disciplina. Passos simples como fazer alguma atividade física, ter uma alimentação mais saudável (com mais proteínas e menos carboidratos), menos estimulantes (como açúcar, cigarro e café), noites de sono reparadoras e manter bom círculo de amigos são gestos que contribuem enormemente a longo prazo. O estilo de vida saudável aliado à prevenção é o caminho para a longevidade com autonomia.
Saúde é prevenção!
Gilberto Ururahy é médico há mais de 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, criou a Med Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França, Conselheiro estratégico da ABRH-Brasil e autor de quatro livros: Como se tornar um bom estressado (editora Salamandra), O cérebro emocional (editora Rocco), Emoções e saúde (editora Rocco) e Saúde é Prevenção (editora Rocco), com o médico Galileu Assis, diretor da Med Rio Check-Up.