A menopausa, que atinge as mulheres a partir dos 50 anos, em média, tem sua versão masculina: a andropausa. No entanto, ao contrário da menopausa, fala-se pouco, na mídia e na sociedade. É como se houvesse um tabu sobre esse processo fisiológico que é absolutamente normal, resultado do envelhecimento. A andropausa é a diminuição na produção dos hormônios androgênicos, como a testosterona. Esse hormônio é produzido, principalmente, nos testículos, e um pouco nas glândulas suprarrenais. A testosterona é a responsável pelos aspectos que caracterizam a masculinidade e marcam as diferenças entre os gêneros, como os pelos do corpo, o timbre da voz, a musculatura e a fertilidade.
Os níveis da testosterona caem cerca de 1% ao ano, depois dos 30 anos de idade. Pesquisas apontam que aproximadamente 8% dos homens entre 40 e 49 anos têm níveis de testosterona abaixo do normal. Este índice aumenta para 12% entre 50 e 59 anos, vai a 19% entre 60 e 69 anos, pula para 26% entre 70 e 79 anos e atinge o patamar de 49% dos homens acima de 80 anos.
Entre os sintomas da andropausa, podemos citar a perda de massa óssea e muscular, ressecamento da pele, fadiga, diminuição dos pelos do corpo, alterações de humor, aumento de gordura localizada no abdômen, diminuição ou perda da libido e disfunção erétil – o que talvez colabore para que o assunto se torne um tabu entre os homens.
No entanto, diferentemente da menopausa, não há um momento específico a partir do qual se possa assegurar que o homem está na andropausa. Muitos homens sequer manifestam tais sintomas perceptíveis, em oposição ao que ocorre às mulheres quando a menopausa se instala e há a redução de produção do hormônio estrogênio – como as famosas “ondas de calor”.
A andropausa aparece mais comumente entre diabéticos, fumantes, sedentários, depressivos, alcóolatras, obesos e hipertensos. Portanto, a prevenção à andropausa está intrinsicamente atrelada a um estilo de vida saudável, um verdadeiro desafio diante da rotina estressante da sociedade contemporânea. Noites mal dormidas, alimentação desregrada, excesso de consumo de álcool, tabagismo e sedentarismo colaboram, decididamente, para tal quadro.
A andropausa pode ser facilmente diagnosticada por um endocrinologista. Um simples exame de sangue é capaz de apontar os níveis totais de testosterona do indivíduo. Os tratamentos variam a cada caso, mas geralmente a reposição hormonal é indicada. Portanto, visite seu médico e mantenha seus exames de rotina em dia. Saúde é prevenção!
Gilberto Ururahy é médico há 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, criou a MedRio Check-up, líder brasileira em check up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França e autor de três livros: “Como se tornar um bom estressado” (Editora Salamandra), “O cérebro emocional” (Editora Rocco) e “Emoções e saúde” (Editora Rocco).