Reconhecimento da Organização Mundial de Saúde é fundamental para trazer mais saúde para a vida
A partir de janeiro de 2022, a Organização Mundial de Saúde irá considerar a Síndrome de Burnout uma doença ocupacional, definida como “estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso”. Para além das muitas implicações jurídicas que a decisão irá acarretar (afastamento pelo INSS e processos na Justiça do Trabalho), o reconhecimento da OMS à gravidade do burnout é muito importante.
A síndrome de burnout é resultante do estresse crônico no ambiente de trabalho. A doença está diretamente ligada à exaustão prolongada. Alguns dos sintomas são esgotamento de energia, desânimo, aumento do distanciamento mental do trabalho, redução do rendimento profissional, sentimentos negativos relacionados ao trabalho, além de sintomas como depressão, irritabilidade, ansiedade, falha de memória, dificuldade de concentração e baixo autoestima. Alguns sintomas físicos do transtorno são taquicardia, dor de cabeça, alteração no apetite, insônia e dificuldade de concentração. Para se manterem ativos e dispostos, não é raro que os colaboradores recorram a artifícios perigosos, como excesso de cafeína e, pior, a medicamentos, dando início a um ciclo nocivo à saúde.
A pandemia e o home office potencializaram esse sentimento. Gestores tem relatado preocupação com a saúde mental e física de seus funcionários, que por muitos meses trabalharam (alguns seguem trabalhando) em ambientes que misturam vida pessoal com a profissional e que são despreparados para longas jornadas – às vezes ampliadas pela falta de limites de horário que a ida a um escritório impõe naturalmente. Segundo o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, houve aumento de três vezes nos quadros de ansiedade e depressão. Quanto à exaustão relacionada ao trabalho, conhecida como burnout, o crescimento foi de 21% se comparados aos meses anteriores à pandemia.
Trabalhar é uma das fontes de prazer e realização na vida, além da importância financeira. Porém, é preciso saber encaixar o trabalho em uma rotina que respeite a vida pessoal e familiar. Na França, por exemplo, os funcionários conquistaram, em 2017, o direito de ignorar e-mails ou mensagens de celular ligadas ao trabalho em horários de folga. A partir de janeiro de 2022, as jornadas de trabalho serão reduzidas a apenas 4 dias por semana no Emirados Árabes, trabalhando apenas até o meio-dia de sexta-feira. Em outros lugares do mundo, o final de semana de três dias já está sendo testado. Tudo em prol da saúde mental dos colaboradores: pesquisas iniciais mostram que o rendimento dos funcionários não caiu, mas o esgotamento deles teve melhora significativa.
Algumas recomendações para evitar não apenas a Síndrome de Burnout mas também várias outras doenças são manter a alimentação equilibrada, praticar exercícios físicos com regularidade, ter noites de sono reparadoras, controlar hábitos nocivos como o cigarro e o consumo excessivo de álcool e respeitar momentos de descanso e lazer, acompanhado de família e amigos. Outro ponto fundamental é manter em dia as consultas médicas e os exames de rotina.
Saúde é prevenção!
Gilberto Ururahy é médico há 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, criou a Med Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França e autor de três livros: “Como se tornar um bom estressado” (Editora Salamandra), “O cérebro emocional” (Editora Rocco) e “Emoções e saúde” (Editora Rocco).