Gilberto Ururahy é médico especializado em medicina preventiva, presidente do Conselho de Medicina e de Saúde da Associação Comercial do Rio de Janeiro e responsável pelos comitês de saúde das Câmaras de Comércio França-Brasil e Americana (Amcham). Nesta entrevista ele alerta para as mudanças no comportamento e nos hábitos de saúde causados pela pandemia e em suas consequências que podem nos deixar diante de uma nova pandemia: a das doenças crônicas, que por sua vez impactarão nos custos da saúde pública e privada. Segundo o especialista, mais do que nunca é importante que os planos e seguros saúde invistam em prevenção.

 

Segundo estudos desenvolvidos por institutos de pesquisa, universidades e fundações de saúde, durante a pandemia um grande percentual dos brasileiros reduziu drasticamente suas atividades físicas. Qual o impacto que isso pode causar na vida das pessoas, na economia e na saúde suplementar?

Gilberto Ururahy: Face à pandemia, o isolamento gera incertezas, medos e várias mudanças no comportamento das pessoas, isto é, alimentação desequilibrada, sedentarismo, uso abusivo de álcool e sono de má qualidade, entre outras alterações. Assim, as pessoas ganham peso corporal, desenvolvem a fadiga crônica e baixam suas imunidades. Além disso, milhares de indivíduos que adquiriram a Covid-19 apresentam sequelas das mais variadas. Estamos diante de uma nova pandemia: a da doença crônica e saúde mental fragilizada da população. Os impactos no custo da saúde pública e privada serão elevados. O caminho para otimizar a saúde e reduzir os custos é a adoção de estilo de vida saudável com a prática da prevenção. Saúde é prevenção.

 

Na sua opinião, como instituições como empresas e operadoras de planos de saúde podem contribuir para reduzir o sedentarismo trazido pela pandemia?

Gilberto Ururahy: A atividade física regular e bem indicada, isto é, respeitando os limites cardiorrespiratórios e musculoesqueléticos de cada indivíduo é vacina para quase todos os males. É um dos pilares da boa saúde, associada à alimentação equilibrada, ao sono reparador e também aos exames médicos preventivos. Neste sentido, acredito que as empresas e planos de saúde têm total interesse em estimular práticas preventivas. A pandemia fez com que as pessoas mudassem vários comportamentos, conforme já citado acima, e agora estamos diante da possibilidade de uma nova forma de pandemia: obesidade, diabetes, hipertensão arterial e baixa imunidade, entre outras doenças crônicas. Se os planos e seguros saúde não investirem em prevenção, os gastos futuros em tratamentos para infarto do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais e câncer, serão intangíveis. Saúde é o combustível da vida. Sem saúde o homem é incapaz de desenvolver suas potencialidades, portanto, a prevenção se impõe.

 

E qual a sua orientação para quem quer deixar o sedentarismo e compensar o tempo perdido?

Gilberto Ururahy: Abandonar o sedentarismo demanda muita força de vontade. Segundo estudos e pesquisas da Universidade de Harvard, 85%  das pessoas têm dificuldades em mudar o seu estilo de vida. Aqueles que se superarem terão grande bem estar no cotidiano, dormirão melhor, a libido será estimulada, corrigirão várias doenças metabólicas, ganharão melhor e mais eficaz imunidade e estarão no caminho para a longevidade com autonomia.