O isolamento gerado pela pandemia provocou uma mudança de comportamento enorme na sociedade com grandes impactos na saúde. O estresse surgiu de forma súbita, profunda e se manteve prolongado ao longo dos últimos dezoito meses. Muita adrenalina e cortisol – hormônios gerados pelo estresse circulam no sangue da população.
Esse estresse intenso, turbinado por seus hormônios é o motor para o estilo de vida pouco saudável conduzido pela população.
Assim, as pessoas se tornaram sedentárias, passaram a se alimentar mal, a dormir menos, a beber mais e as doenças crônicas aumentaram muito na população mundial.
Em recente estudo desenvolvido em nossas clínicas durante a pandemia, observamos nos últimos doze meses, em uma população de 8 mil indivíduos (homens e mulheres), o seguinte perfil de saúde: níveis de estresse elevado (87%); peso corporal acima do ideal (68%); sedentarismo (65%); níveis de colesterol elevado (50%); insônia (35%); hipertensão arterial (22%); obesidade (20%); diabetes (10%).
Entre as doenças crônicas que observamos em nossos clientes, a hipertensão arterial se destaca pelo enorme percentual de clientes acometidos e pelos danos que provoca na saúde.
A hipertensão arterial ou pressão alta, é uma doença caracterizada por níveis elevados da pressão arterial, quando seus valores atingem ou ultrapassam 140 mmHg de pressão sistólica (dita “máxima”) e/ou 90 mmHg de pressão diastólica (dita “mínima”). Uma das doenças crônicas mais frequentes no mundo, a prevalência global desta patologia é de 31%. Esse número aumenta com a progressão da faixa etária, chegando à incidência maior que 65% em indivíduos acima de 60 anos.
Aqueles que têm maiores cuidados com sua saúde e realizam check-up regularmente, com adequações em seus hábitos de vida, apresentam menor incidência de doenças crônicas como hipertensão arterial.
As doenças cardiovasculares, como infarto do coração e derrame cerebral, são as principais causas de mortes em todo o mundo, inclusive em nosso país, e a pressão alta é o principal fator de risco para essas doenças. Também aumenta substancialmente a incidência de insuficiência renal crônica – inclusive com falência renal e necessidade de diálise -, arritmias cardíacas, doença arterial periférica, perda visual reversível ou não, óbitos maternos-fetais na gravidez, disfunção erétil e demência. Estima-se que a hipertensão seja responsável por mais de 10 milhões de óbitos por ano no mundo. Esses números são tão alarmantes que uma das metas da organização mundial de saúde é reduzir os índices de hipertensão arterial em 33% até o ano de 2030. Levando em consideração as sequelas de doenças geradas por níveis pressóricos cronicamente elevados (como sequelas de derrame, infarto e falência renal), podemos atribuir à hipertensão, anualmente, cerca de 218 milhões de anos de vida saudáveis perdidos, ou seja, além da elevada mortalidade, interfere brutalmente na qualidade de vida do ser humano.
Na vasta maioria dos casos, a hipertensão não apresenta qualquer sintoma, é doença silenciosa o que dificulta seu diagnóstico. Apenas pequena parcela de pacientes apresenta sintomas de alerta, como dor de cabeça, sangramento nasal, zumbido, tontura ou alterações visuais. Segundo dados da organização mundial de saúde, menos da metade dos hipertensos sabe ser portador da doença. Isto a torna ainda mais perigosa, pois independente da presença ou ausência de sintomas, seus malefícios ocorrerão se não controlada. Desta forma é de suma importância que todos os adultos tenham sua pressão aferida ao menos anualmente, possibilitando o diagnóstico e consequente tratamento (controle) da hipertensão.
Parte fundamental do tratamento é o estilo de vida adequado, o que comprovadamente contribui de forma significativa para diminuir os valores da pressão arterial, além de reduzir a incidência de outras doenças crônicas como diabetes, diversos tipos de câncer e até mesmo mal de Alzheimer. Este tratamento só será possível se você diagnosticar sua hipertensão. Então não deixe de procurar seu médico ou realizar seu check-up anualmente.
Lembre-se, saúde é prevenção!
Dr. Marina Aranha, cardiologista e gerente médica da Med-Rio Check-up