“Os jovens seguem saindo e trazendo a Covid para dentro de casa. No dia de hoje chegaremos a quase 3 mil mortos. É muito triste”, afirma Margareth Dalcolmo. Internet/Reprodução 

A MedRio Check Up está comemorando 30 anos de funcionamento. Para marcar efeméride tão importante, criamos uma agenda de “Encontros Científicos com a Prevenção”, que acontecem uma vez por mês, abordando diferentes especialidades médicas. Para este mês de março, a convidada é a renomada colega Margareth Dalcolmo.

No momento em que várias pessoas estão morrendo em suas casas de infarto agudo no miocárdio, de acidentes vasculares cerebrais e de diferentes tipos de cânceres, é fundamental manter os exames periódicos em dia.

Boa leitura! – Gilberto Ururahy

As sequelas da Covid-19 e a importância dos exames preventivos

As sequelas da Covid-19 vão muito além dos danos pulmonares. Quem faz o alerta é uma das profissionais mais atuantes na busca por informar e conscientizar a população sobre a doença: a pneumologista Margareth Dalcolmo. Pesquisadora da Fiocruz, Doutora em Medicina pela Unifesp e consultora da OMS e do Banco Mudial, Dalcolmo ressalta que a doença tem se apresentado de forma mais grave e atingindo pessoas mais jovens.

Conversamos com Margareth Dalcolmo sobre este e outros assuntos:

Um ano depois dos primeiros casos de Covid-19, o que já sabemos sobre a doença?

Hoje sabemos sobre a diversidade da doença. Não se trata de uma penumonia atipica, como foi imaginado no começo. Trata-se de uma doenca sistêmica, capaz de comprometer todos os órgãos humanos, com grande potencial de sequelas neurológicas, vasculares, pisquiátricas, cardiológicas, além das pulmonares. Tem paciente que sai muito bem do quadro do ponto de vista respiratório, mas precisando de hemodiálise, por exemplo. Há pessoas que tiveram Covid e tem apresentado sequelas que se manifestam tanto do ponto de vista de exames de imagem do pulmão e do coração, quanto do ponto de vista de capacidade respiratória, por prova de esforço. Os exames cardiológicos comprovam danos funcionais e, muitas vezes, exigem que o paciente seja admitido a uma reabilitação. Hoje a reabilitacao pós-Covid é quase uma especialidade médica.

Que recursos estão sendo testados pela ciência na recuperação pós-Covid?

Os estudos continuam em busca de tratamentos medicamentosos, e uma das linhas são os antinflamatorios biológicos, porém no pós-Covid o que vale é a reabilitação física funcional, como a pulmonar e cardiológica e inclusive psíquica.

Como os check-ups feitos na MedRio podem se aliados neste processo?

Por ser um local de excelência de avaliação de capacidade funcional, a MedRio pode orientar os pacientes para os processos de reabilitação, inclusive para a volta ao trabalho.

Que avaliação a senhora faz do atual momento da pandemia?

A doença tem se apresentado de forma mais grave e atingindo pessoas mais jovens, como avisamos assim que percebemos as variantes circulando no Brasil. É isso que torna esse momento epidêmico ainda mais crítico: são pessoas em plena fase produtiva da vida. A vacinação já mostra impacto na baixa de mortalidade e internação dos mais velhos. No entanto, os jovens seguem saindo e trazendo a Covid para dentro de casa. No dia de hoje chegaremos a quase 3 mil mortos. É muito triste. Gostaria de estar errada em nossas previsões, mas infelizmente, ou felizmente, a epidemiologia tem sido muito precisa no Brasil.