Pesquisa conclui que o consumo exagerado de álcool contribuiu para as mortes na pandemia

Pesquisa recém-divulgada nos Estados Unidos apontou que o número de americanos que perderam a vida durante a pandemia por causa do consumo excessivo de álcool cresceu consideravelmente. Os dados concluíram que, assim como os brasileiros, norte-americanos passaram a beber mais para enfrentar o estresse fruto da desorganização das rotinas e do home office, além da postergação do tratamento de doenças já existentes, imposto pela pandemia.

Estudo dos pesquisadores do Instituto Nacional de Abuso do Álcool e Alcoolismo computou que o número de mortes relacionadas ao álcool, incluindo fatalidades ocasionadas por doenças hepáticas e acidentes, aumento 25%, beirando os 100 mil casos em um único ano, atravessando todas as classes sociais, idade e gênero. Uma verdadeira pandemia dentro da pandemia. Um dado impressionante: entre adultos de mais de 65 anos, o número de mortes relacionadas ao álcool chegou a superar o de óbitos por Covid.

Segundo um dos pesquisadores, o crescimento se deve, especialmente, a pessoas que estavam em tratamento de recuperação de dependência e se viram obrigados a interrompê-lo, abruptamente. Os casos de recaída também foram expressivos em decorrência do estresse e do impacto da pandemia na saúde mental dos pacientes.

O fato é que o álcool é uma substância extremo potencial de toxicidade ao organismo, dependendo da quantidade consumida. Ele é um aparente redutor do estresse, só que, na verdade, o álcool é um péssimo ansiolítico. Ele estimula o centro de recompensa cerebral, liberando a dopamina e, com isso, atingindo uma sensação de prazer. Mas no uso continuado do álcool, o resultado é um aumento da sensação de estresse e da ansiedade.

Depois de longos meses absorvidos pela sombra de doenças, é hora de promover a saúde. A saúde é o combustível da vida e lidar com ela sem surpresas, se antecipando a eventuais problemas, é a melhor estratégia para a longevidade com autonomia. Um legado inegável da pandemia é a defesa veemente de hábitos cotidianos como a maneira mais fácil e segura de garantir saúde a longo prazo: alimentar-se bem, praticar exercícios, evitar o tabagismo, ter noites de sono reparadoras, fazer exames periódicos e consumir bebidas alcóolicas com moderação, claro.

Saúde é prevenção!

Gilberto Ururahy é médico há mais de 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, criou a Med Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França e autor de três livros: “Como se tornar um bom estressado” (Editora Salamandra), “O cérebro emocional” (Editora Rocco) e “Emoções e saúde” (Editora Rocco).