Segundo colocado em número de ocorrências, câncer colorretal está diretamente associado ao estilo de vida

 

Pelé: Brasil se despediu do astro depois de uma longa batalha contra o câncer de intestino. Divulgação/Internet

 

O Brasil se despediu nas últimas semanas de dois grandes ídolos do esporte. Pelé e Roberto Dinamite, gigantes do futebol e ídolos das torcidas, perderam a batalha contra o câncer colorretal. Esta semana, a cantora Preta Gil veio a público anunciar que recebeu o diagnóstico da doença no intestino e irá iniciar tratamento imediatamente. Mas por que tantos casos de câncer colorretal?

De acordo com o documento “Estimativa 2023 – Incidência de câncer no Brasil”, do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil deve registrar cerca de 700 mil novos casos de câncer por ano, entre 2023 e 2025. Ou seja, mais de dois milhões de brasileiros serão diagnosticados com um novo tumor no próximo triênio. Apenas de intestino, serão mais de 45 mil casos nos próximos dois anos. E o atraso em exames periódicos, fruto da pandemia de Covid-19, contribui fortemente para esse cenário. Em nossas clínicas temos diagnosticado a doença em indivíduos cada vez mais jovens.

O que pouca gente sabe é que o câncer colorretal é o segundo mais comum no Brasil – perdendo apenas para casos de câncer de próstata e de mama em homens e mulheres, respectivamente. Entre os principais sintomas de câncer no intestino estão alteração do hábito intestinal (intestino preso ou solto), perda de peso sem causa aparente, desconforto abdominal, sangue nas fezes, fraqueza ou anemia.

A ciência já mapeou que 14 tipos de cânceres estão diretamente vinculados a um estilo de vida pouco saudável – dentre eles o câncer de intestino –, incluindo consumo de bebida alcoólica e de alimentos ultraprocessados, sedentarismo, tabagismo e poucas horas de sono, incapazes de fortalecer o sistema imunológico.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 90% dos tumores têm cura, desde que diagnosticados precocemente. Portanto, quanto mais cedo o diagnostico, melhor é o potencial de cura. Ao ser examinado por um proctologista, o cliente realiza o exame vídeo retossigmoidoscopia, em que se analisa a mucosa do intestino e possibilita a identificação de pólipos – os pólipos de hoje podem ser os tumores de amanhã. Mapeados os pólipos, faz-se suas extrações preventivas.

Ao revelar no Instagram para seus quase 10 milhões de seguidores que recebeu diagnóstico de câncer no intestino, Preta Gil presta um inestimável serviço público. É preciso alertar à sociedade que câncer não significa uma condenação. Ao contrário, existe tratamento, cura e, acima de tudo, prevenção apoiada em check-ups periódicos e um estilo de vida saudável: com alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos, realização de exames preventivos, noites reparadoras de sono, baixo consumo de bebidas alcoólicas e distância do tabagismo. Desta forma, é possível se conquistar maior qualidade de vida e, portanto, longevidade com autonomia.

Nossos melhores votos para Preta Gil, desejando seu pronto restabelecimento!

Gilberto Ururahy é médico há mais de 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, desenvolveu a Med Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França, Conselheiro estratégico da ABRH-Brasil e autor de quatro livros: Como se tornar um bom estressado (editora Salamandra), O cérebro emocional (editora Rocco), Emoções e saúde (editora Rocco) e Saúde é Prevenção (editora Rocco), com o médico Galileu Assis, diretor da Med Rio Check-up.