Câncer colorretal está diretamente associado ao estilo de vida

Câncer de intestino: pesquisa constata aumento de internação na última década (Shutterstock/Reprodução)

O número de internações por câncer de intestino (colorretal) aumentou 64% nos últimos dez anos. O dado faz parte de um novo levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed), Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG).

Segundo a pesquisa, os registros de internação trazem números alarmantes: foram mais de 650 mil hospitalizações no Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento da doença, entre 2012 e 2021. Já os dados de mortalidade indicam que, somente em 2021, foram registrados mais de 19 mil óbitos por câncer do cólon, da junção retossigmoide e do reto, alta de 40% em relação a 2012.

Os tumores de cólon já constituem o segundo tipo mais prevalente da enfermidade entre homens e mulheres, atrás apenas de próstata e mama, respectivamente. Entre os principais sintomas de câncer no intestino estão alteração do hábito intestinal (intestino preso ou solto), perda de peso sem causa aparente, desconforto abdominal, sangue nas fezes, fraqueza ou anemia.

Os pesquisadores reforçaram que entre as principais causas para esse crescimento expressivo estão má alimentação e maus hábitos. A ciência já mapeou que 14 tipos de cânceres estão diretamente vinculados ao estilo de vida pouco saudável – dentre eles o câncer de intestino –, incluindo consumo excessivo de bebida alcoólica e de alimentos ultraprocessados, baixa ingestão de fibras e líquidos, sedentarismo, tabagismo e poucas horas de sono, incapazes de fortalecer o sistema imunológico.

O cenário para os próximos anos, infelizmente, não é nada favorável. De acordo com o documento “Estimativa 2023 – Incidência de câncer no Brasil”, do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil deve registrar cerca de 700 mil novos casos de câncer por ano, entre 2023 e 2025. Ou seja, mais de dois milhões de brasileiros serão diagnosticados com um novo tumor no próximo triênio. Apenas de intestino, serão mais de 45 mil casos nos próximos dois anos. Em nossas clínicas temos diagnosticado a doença em indivíduos cada vez mais jovens.

Porém, o câncer não significa uma condenação. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 90% dos tumores têm cura, desde que diagnosticados precocemente. Portanto, quanto mais cedo o diagnostico, maior é o potencial de reversão do quadro.  A prevenção ainda é o melhor recurso, apoiada por check-ups periódicos. Ao ser examinado por um proctologista, o cliente realiza o exame vídeo retossigmoidoscopia, em que se analisa a mucosa do intestino e possibilita a identificação de pólipos – os pólipos de hoje podem ser os tumores de amanhã. Mapeados os pólipos, faz-se suas ressecções preventivas.

Além disso, é imprescindível adotar um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada sem alimentos ultraprocessados, prática de exercícios físicos, noites reparadoras de sono, baixo consumo de bebidas alcoólicas e distância do cigarro. Desta forma, é possível se conquistar maior qualidade de vida e, buscar longevidade com autonomia.

Saúde é prevenção!

Gilberto Ururahy é médico há mais de 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, desenvolveu a Med Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França, Conselheiro estratégico da ABRH-Brasil e autor de quatro livros: Como se tornar um bom estressado (editora Salamandra), O cérebro emocional (editora Rocco), Emoções e saúde (editora Rocco) e Saúde é Prevenção (editora Rocco), com o médico Galileu Assis, diretor da Med Rio Check-up.