Crescimento da obesidade está intrinsicamente ligado a um estilo de vida inadequado

 

Entre as causas identificadas para o aumento da obesidade estão fatores como as restrições impostas pela Covid-19, poluentes químicos, mudança climática, consumo de alimentos não saudáveis, bem como a as práticas da indústria alimentícia. (Shutterstock/Reprodução)

 

Uma verdadeira “pandemia” de obesidade. Esta é a conclusão da nova edição do Atlas da Obesidade no Mundo a respeito do peso da população pesquisada. Recém-divulgado pela Federação Mundial de Obesidade, um grupo de trabalho que reúne players de saúde e pesquisadores, mais da metade da população mundial estará obesa ou acima do peso até 2035. Na prática, isso significa ter um IMC (Índice de Massa Corporal) acima de 25kg/m2 (sobrepeso) ou 30 kg/m2 (obesidade). O IMC é o cálculo feito pela divisão do peso (em quilos) pelo quadrado da altura (em metros).

Segundo o relatório apresentado, cerca de 2,6 bilhões de pessoas já estão com sobrepeso (o correspondente a 38% da população mundial). Se a tendência for mantida, este índice pulará para mais de 51% da população (algo como 4 bilhões de pessoas). Entre as causas identificadas para o aumento da obesidade estão fatores como as restrições impostas pela Covid-19, poluentes químicos, mudança climática, consumo de alimentos não saudáveis, bem como as práticas da indústria alimentícia.

No que se refere ao Brasil, a expectativa é que 41% da população adulta possa ser enquadrada como obesa até 2035. Um fator de preocupação é que o crescimento será mais acelerado entre as crianças: um aumento de 4,4% ao ano, chegando a praticamente 27% do público mais jovem. Segundo o estudo, a obesidade crescerá com maior velocidade entre os jovens do que entre os adultos. Trata-se de um dado de alerta, inclusive sobre o ponto de vista econômico: a obesidade está entre as principais responsáveis pelos gastos em saúde no mundo, atrás apenas do tabagismo e da violência armada (guerra e terrorismo). Segundo relatório da World Obesity Federation, o tratamento de problemas de saúde relacionados ao excesso de peso e à obesidade, sobretudo males cardiovasculares e osteomusculares, além de câncer, deverão custar ao mundo, a partir de 2025, cerca de US$1,2 trilhão anuais.

Os dados divulgados pela Federação Mundial de Obesidade confirmam a percepção das equipes da MedRio, tendo em vista os exames dos nossos clientes.  Cerca de 60% deles apresentam excesso de peso e 20% já podem ser considerados obesos. Como identificou a pesquisa estrangeira, os meses de pandemia foram cruciais para piorar ainda mais os maus hábitos, como o estresse (78%), a má qualidade do sono (35%), o sedentarismo (55%) e o consumo excessivo de álcool (36% têm esteatose hepática).

Ou seja: o crescimento da obesidade está intrinsicamente ligado a um estilo de vida inadequado. Para se manter longe das doenças crônicas e suas comorbidades, como doenças cardíacas, diabetes e hipertensão arterial, é preciso incorporar ao dia a dia hábitos saudáveis: alimentação balanceada, consumo controlado de álcool, distância do tabagismo, noites bem dormidas, prática de exercícios físicos e exames periódicos, que nos mantem mais próximos da longevidade com autonomia.

Saúde é prevenção!

Gilberto Ururahy é médico há mais de 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, desenvolveu a Med Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França, Conselheiro estratégico da ABRH-Brasil e autor de quatro livros: Como se tornar um bom estressado (editora Salamandra), O cérebro emocional (editora Rocco), Emoções e saúde (editora Rocco) e Saúde é Prevenção (editora Rocco), com o médico Galileu Assis, diretor da Med Rio Check-up.