A melhor “vacina” contra a Covid-19 – e muitas outras doenças – é o estilo de vida saudável e exames preventivos periódicos

Estudo recém-divulgado da Fiocruz mineira que pesquisou os efeitos da Covid-19 a longo prazo, concluiu que metade das pessoas diagnosticadas com a doença apresentam sequelas que podem perdurar por por mais de um ano. Durante 14 meses, um grupo de pesquisadores monitorou 646 pacientes que contraíram o vírus entre abril de 2020 e março de 2021, portanto antes da imunização coletiva da vacina. Dentre os monitorados, 324 pessoas, portanto 50,2%, apresentaram sintomas pós-infecção, ou seja, quadro de Covid longa, como definiu a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Entre os 23 sintomas pós-infecção aguda registrados pela pesquisa estão: fadiga, cansaço extremo e dificuldade em executar atividades simples do cotidiano (35,6% dos entrevistados); tosse persistente (34%), dificuldade para respirar (26,5%), perda do paladar ou do olfato (20,1%) e dores de cabeça recorrentes (17,3%). Os pesquisadores constataram ainda insônia (8%), trombose (6,2%), ansiedade (7,1%) e tontura (5,6%).

Em Encontro Científico realizado na MedRio Check-up em 2021, a pneumologista Margareth Dalcolmo já havia sido categórica ao afirmar que as sequelas da Covid-19 vão muito além dos danos pulmonares. Por ser uma doença sistêmica, é capaz de comprometer todos os órgãos humanos, com grande potencial de sequelas neurológicas, vasculares, psiquiátricas e cardiológicas. “A reabilitação pós-Covid é quase uma especialidade médica”, afirmou à época. A nova pesquisa da Fiocruz de Minas Gerais confirma a avaliação da doutora Dalcolmo.

Mas gostaria de chamar a atenção para um ponto fundamental da pesquisa: a constatação de que oito comorbidades (hipertensão arterial crônica, diabetes, câncer, cardiopatias, doença renal crônica, alcoolismo e tabagismo) são potencializadoras da gravidade dos casos e, consequentemente, das sequelas.

Esta informação comprova o que venho defendendo há tempos: a melhor “vacina” contra a Covid e muitas outras doenças é o estilo de vida saudável. Boa alimentação, consumo moderado de álcool, sono reparador e prática regular de exercícios físicos, aliados ao diagnóstico precoce das doenças crônicas, são o caminho para a longevidade com autonomia. Ou seja, a prática de um estilo de vida saudável fez muita  diferença entre as pessoas que tiveram Covid-19 e ainda fará no futuro, na convivência com as eventuais sequelas da doença.

Saúde é prevenção!

Gilberto Ururahy é médico há mais de 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, criou a Med Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França e autor de três livros: “Como se tornar um bom estressado” (Editora Salamandra), “O cérebro emocional” (Editora Rocco) e “Emoções e saúde” (Editora Rocco).