A pandemia impactou significativamente na saúde sexual masculina. Internet/Reprodução

 

A ereção masculina é resultado de estímulos sensoriais que acionam um sistema vascular complexo, sob controle do sistema endócrino em um ambiente psicoativo bastante relevante. O que parece uma ação mecânica simples e orgânica do homem, no entanto, tem se tornado uma alteração para relevante percentual da população. A ausência ou má qualidade da ereção, conhecida como disfunção erétil, é uma realidade cada vez mais frequente, a ponto de ser percebida como um problema de saúde pública.

 

De acordo com a psiquiatra Carmita Abdo, referência em estudo de sexualidade do brasileiro e coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (Prosex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, a disfunção mais recorrente entre os homens, em qualquer fase da vida, é a ejaculação precoce, que chega a atingir 30% dos homens. No entanto, entre os mais velhos, a disfunção que prevalece é a falha de ereção, seja por consequência de doenças físicas ou por alterações na saúde mental. Neste caso, a depressão se impõe. 

 

A disfunção erétil pode ser resultado de hipertensão, tabagismo, alcoolismo, níveis de estresse elevados, doenças cardiovasculares, diabetes, doenças da próstata e depressão, por exemplo, mais comuns em homens com mais de 50 anos, podendo atingir até 50% da população masculina idosa.

 

Com a pandemia e as mudanças de hábitos de vida, o perfil de saúde se alterou fortemente, o que agrava o quadro de disfunção erétil. A população mundial viveu nos últimos dois anos estresse súbito, intenso e duradouro. As perdas de entes queridos, de negócios, medos, incertezas e tristezas também contribuem para o quadro de disfunção sexual.

 

Durante a pandemia observamos em nossas clínicas o seguinte perfil de saúde dos clientes que se queixam de disfunção erétil: níveis de estresse elevados (78%), sedentarismo (65%), dislipidemias (50%), uso excessivo de bebidas alcoólicas (40%), insônia (35%), hipertensão arterial (25%), obesidade (20%), ansiedade (20%), depressão (12%) e diabetes (11%).

 

Por outro lado, é importante salientar que, em grande parcela dos casos, a impotência não é uma situação definitiva e há soluções eficientes para combatê-la. Neste processo, exames médicos precisos podem ser valorosos aliados no enfrentamento à disfunção erétil e suas causas.

 

Por tudo que já se sabe da relação entre disfunção erétil e estilo de vida, é que hábitos saudáveis representam a mais fácil e segura prevenção para se garantir saúde a longo prazo: alimentar-se equilibradamente, praticar atividade física regular, evitar o tabagismo, consumir bebidas alcóolicas com moderação, ter noites de sono reparadoras e manter os exames preventivos em dia.

 

Saúde é prevenção!

 

 

Gilberto Ururahy é médico há mais de 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, criou a Med Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França e autor de três livros: “Como se tornar um bom estressado” (Editora Salamandra), “O cérebro emocional” (Editora Rocco) e “Emoções e saúde” (Editora Rocco).